Intérprete de canções românticas, Perla tem mais de 30 álbuns lançados. Seu grande hit é a música Fernando, do disco Palavras de Amor, que vendeu mais de 15 milhões de cópias nos tempos aureos da indústria fonográfica no Brasil. Mas ela afirma que o falecido marido, do qual prefere nem citar o nome, gastou boa parte do dinheiro. “Ele me agredia fisicamente, moralmente e me obrigou a fazer abortos”, acusa.Mas Perla se orgulha de ter transformado a realidade dura de sua família no Paraguai. “Consegui dar três casas para os meus pais e sustentei todos os meus irmãos. Até choro ao lembrar disso, porque sinto saudades deles. Meus pais são mortos. Minha infância foi muito simples, mas tínhamos muita riqueza da natureza e isso bastava. Além disso, minha família era muito musical”, relembra.
Filha mais velha de seis irmãos, ela sempre sonhou em ser cantora. “Comecei a cantar na infância com minha família no Paraguai. Brincava, mas cantava para ganhar dinheiro. Meu pai tocava violão e eu e minha irmã cantávamos. E todo mundo aplaudia. E todos diziam que nós tínhamos que ir ao Brasil. De tanto falarem isso, comecei a me interessar e a pesquisar sobre o país”, diz.
“Meu pai e minha irmã sorriam e diziam que isso nunca ia acontecer, porque eles não iriam deixar. Eu era tão apaixonada pelo Brasil, que ficava desenhando o mapa dele. E eu comecei a aprender músicas brasileiras. Wilson Simonal foi uma das minhas grandes inspirações. Mostrava para minha mãe tudo que tinha aprendido. Ela trabalhava em Assunção, na capital do Paraguai, tinha uma cabeça mais aberta e sempre me incentivava. Desde criança, já era escandalosa e gostava de ser brincalhona. Minha mãe dizia que eu era uma artista completa. Eu adorava fazer muita bagunça e foi uma luta enfrentar meu pai, porque ele era muito zeloso. Eu chorava muito”, relata.
“Quem me incentivou muito a vir para o Brasil foi a minha mãe, mas meu pai era meu ídolo. Ele me ensinou tudo que sei de música. Quando era jovem, ficava em cima do cavalo imaginando que estava no palco e o milharal e os bichos eram meu público, como se fosse uma índia nua. Até hoje me emociono quando estou no fim do show e me lembro disso. Os animais não ficavam tristes e as plantas não morriam, muito pelo contrário, os passarinhos faziam coro comigo e as árvores davam mais frutos, porque o que importava era a minha voz”, completa.